Residência em Cirurgia Geral na Europa: guia completo para médicos brasileiros
Cirurgia Geral é uma das portas de entrada mais tradicionais para a carreira cirúrgica. Na Europa, a especialidade combina emergência, trauma, cirurgia abdominal complexa, oncologia, acesso a subespecialidades e, em muitos países, forte integração com técnicas minimamente invasivas e robóticas.
Este guia reúne os principais caminhos para fazer residência em Cirurgia Geral na Europa tendo Portugal, Espanha, Itália, Alemanha e Reino Unido como foco. Você vai entender como funciona a formação, qual a duração em cada país, requisitos para médicos formados no Brasil, nível de idioma exigido e o papel de referências europeias como a UEMS Section of Surgery.
- UEMS – Section of Surgery e European Training Requirements (ETR)
- Ordem dos Médicos – Cirurgia Geral (Portugal)
- Ministerio de Sanidad – Formación Sanitaria Especializada (Espanha)
- Deutsche Gesellschaft für Chirurgie – Weiterbildung (Alemanha)
- Royal College of Surgeons / ISCP – Surgical Training Curriculum (Reino Unido)
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›Como funciona a formação em Cirurgia Geral na Europa
Na maior parte dos países europeus, Cirurgia Geral é uma especialidade de longa duração, com forte componente de emergência, trauma, cirurgia abdominal, oncologia e cuidados perioperatórios. A lógica estrutural costuma seguir alguns passos:
- graduação em Medicina (geralmente 6 anos na Europa);
- período de formação geral ou tronco comum cirúrgico em vários países;
- prova nacional ou concurso para acesso à especialidade;
- residência em Cirurgia Geral com 4 a 6 anos de duração, a depender do país;
- logbook cirúrgico, avaliações periódicas e, em muitos casos, possibilidade de subespecialização posterior.
A UEMS – Section of Surgery publica European Training Requirements (ETR) que funcionam como referência de competências mínimas em Cirurgia Geral, usadas por conselhos nacionais e sociedades cirúrgicas como base para seus programas.
Os 5 países mais buscados para Cirurgia Geral
Entre médicos brasileiros, alguns destinos vêm se destacando quando o assunto é residência ou carreira em Cirurgia Geral:
- Portugal – programa de formação longa em Cirurgia Geral, com reconhecimento dentro da União Europeia.
- Espanha – especialidade de Cirugía General y del Aparato Digestivo via MIR, com forte tradição acadêmica.
- Itália – escolas de especialização em Chirurgia Generale com 5 anos de duração.
- Alemanha – título de Facharzt em Allgemeinchirurgie com 6 anos de formação estruturada.
- Reino Unido – rota longa até consultant em General Surgery, com forte foco em currículos por competência.
- Portugal – 1 ano de Formação Geral + 6 anos de formação especializada em Cirurgia Geral (total ~7 anos).
- Espanha – Cirugía General y del Aparato Digestivo: 5 anos de residência via MIR.
- Itália – escolas de especialização em Chirurgia Generale com 5 anos de duração.
- Alemanha – Facharztausbildung em Allgemeinchirurgie: 6 anos (72 meses).
- Reino Unido – cerca de 2 anos de core surgical training + 6 anos de General Surgery specialty training (total ~8 anos).
Tabela comparativa rápida – Cirurgia Geral na Europa
| País | Duração típica | Prova / acesso | Idioma principal | Competitividade para estrangeiros |
|---|---|---|---|---|
| Portugal | ~7 anos (1 geral + 6 especializados) | Prova Nacional de Acesso (PNA) | Português europeu | Alta – vagas limitadas, exige reconhecimento prévio e boa nota na PNA |
| Espanha | 5 anos | MIR (Médico Interno Residente) | Espanhol | Alta – Cirugía General y Digestiva é uma das cirurgias mais disputadas |
| Itália | 5 anos | Concurso nacional para Scuole di Specializzazione (SSM) | Italiano | Alta – acesso via prova nacional e exigência de italiano avançado |
| Alemanha | 6 anos | Contratação em hospital + aprovação pelas câmaras médicas | Alemão | Alta – idioma é um filtro grande e o processo é burocrático |
| Reino Unido | ~8 anos | Concursos para Core Surgical Training e depois ST3+ em General Surgery | Inglês | Muito alta – sistema altamente competitivo e regulado |
Portugal – Cirurgia Geral na formação especializada
Estrutura e duração
Em Portugal, a residência médica é chamada de formação especializada. O caminho inclui:
- 1 ano de Formação Geral (obrigatória para todos os médicos);
- ingresso na especialidade através da Prova Nacional de Acesso (PNA);
- programa de 72 meses de formação especializada em Cirurgia Geral, com estágios obrigatórios em cirurgia geral e áreas afins, segundo programa formativo oficial;
- título de especialista emitido pela Ordem dos Médicos.
Passos principais para brasileiros
- Reconhecer o diploma de Medicina em universidade portuguesa e depois solicitar inscrição na Ordem dos Médicos.
- Alcançar nível avançado de português europeu e preparo teórico para a PNA.
- Prestar a Prova Nacional de Acesso e, de acordo com a classificação, escolher Cirurgia Geral e a instituição de formação.
- Cumprir 1 ano de Formação Geral e os 6 anos de formação em Cirurgia Geral previstos no programa.
Vantagens e desafios
- Idioma próximo ao português brasileiro facilita a adaptação clínica.
- Reconhecimento do título dentro da União Europeia pode abrir portas em outros países.
- Processo competitivo, burocrático e de longo prazo — exige planejamento financeiro e de vida.
Espanha – Cirugía General y del Aparato Digestivo via MIR
Como funciona o MIR para Cirurgia Geral
Na Espanha, a especialidade correspondente é Cirugía General y del Aparato Digestivo. O acesso é por meio do MIR, prova nacional que define a classificação e, a partir dela, a escolha de especialidade e hospital.
A duração atual da residência é de 5 anos, com forte carga de emergência, cirurgia digestiva, trauma, cirurgia laparoscópica e estágios em UTI, oncologia e outras áreas cirúrgicas de apoio.
Etapas para médicos brasileiros
- Homologar o título de Medicina junto ao governo espanhol.
- Alcançar nível avançado de espanhol (incluindo linguagem médica).
- Inscrever-se na convocatória anual do MIR e prestar a prova.
- Com a nota, escolher Cirugía General y Digestiva e o hospital de preferência, dentro do número de vagas disponíveis.
Rotina e formação
- Plantões em urgência cirúrgica, cirurgia eletiva, endoscopia e UTI.
- Participação em pesquisa clínica e reuniões multidisciplinares com oncologia, radiologia e outras especialidades.
- Diversas oportunidades em grandes centros (Madri, Barcelona, Valência, Andaluzia, Galícia etc.).
Itália – Scuole di Specializzazione em Chirurgia Generale
Modelo italiano de formação
Na Itália, a residência em Cirurgia Geral acontece nas Scuole di Specializzazione in Chirurgia Generale. Em geral, a duração é de 5 anos, com programa acreditado pelo Ministério e organizado por universidades em rede com hospitais.
Cada escola divide o treinamento em tronco comum cirúrgico e formação específica em cirurgia geral, com forte foco em cirurgia abdominal, oncologia, emergência e técnicas minimamente invasivas.
Caminho geral para estrangeiros
- Reconhecimento do diploma de Medicina e da habilitação profissional na Itália.
- Proficiência em italiano em nível avançado (linguagem clínica e técnica).
- Participação no concurso nacional de acesso às Scuole di Specializzazione (SSM).
- Escolha de Chirurgia Generale e da universidade conforme a classificação.
Pontos fortes da formação italiana
- Grande exposição a cirurgia oncológica, hepatobiliopancreática, coloproctologia e urgências abdominais.
- Ambiente competitivo, com forte cobrança por desempenho técnico no centro cirúrgico.
- Possibilidade de interagir com centros de referência em cirurgia laparoscópica e robótica.
Alemanha – Facharzt em Allgemeinchirurgie
Estrutura da Weiterbildung
Na Alemanha, a residência é chamada de Weiterbildung, e o objetivo é conquistar o título de Facharzt für Allgemeinchirurgie. A duração típica é de 6 anos (72 meses), combinando:
- módulos de base cirúrgica (emergência, UTI, pronto atendimento);
- formação específica em Cirurgia Geral e, em alguns casos, rotações em subespecialidades cirúrgicas;
- logbook com número mínimo de procedimentos como primeiro e segundo cirurgião.
Desafios para médicos brasileiros
- Necessidade de proficiência em alemão (em geral, B2/C1 com certificação reconhecida).
- Processo de reconhecimento (Approbation) que pode incluir prova teórica e prática.
- Competição por vagas de treinamento em hospitais universitários e grandes centros urbanos.
Perfil da prática
- Forte integração com trauma, emergência, cirurgia abdominal complexa e UTI cirúrgica.
- Acesso a programas de educação continuada via sociedades cirúrgicas nacionais.
- Boas perspectivas de mercado em regiões com falta de cirurgiões, especialmente fora dos grandes centros.
Reino Unido – caminho até consultant em General Surgery
Modelo britânico de formação cirúrgica
No Reino Unido, o treinamento em General Surgery segue o currículo aprovado pelo GMC e entregue pelo Intercollegiate Surgical Curriculum Programme (ISCP). Em linhas gerais, o caminho inclui:
- Foundation Programme (2 anos) após a graduação;
- Core Surgical Training (CST), normalmente 2 anos, com rotações em várias áreas cirúrgicas;
- entrada em Specialty Training em General Surgery (ST3–ST8), com cerca de 6 anos de duração;
- avaliações contínuas, exames e, ao final, certificação para atuar como consultant.
Rotas possíveis para formados no Brasil
Para médicos formados fora do Reino Unido, as principais possibilidades incluem:
- buscar registro no GMC (muitas vezes via aprovação no PLAB ou equivalentes);
- iniciar em non-training posts (trust-grade, clinical fellow) para ganhar experiência local;
- concorrer a vagas formais de treinamento em CT ou ST, que são muito competitivas;
- em níveis mais avançados, usar a rota CESR (Certificate of Eligibility for Specialist Registration) para reconhecer experiência prévia.
Harmonização europeia e o papel da UEMS – Cirurgia
Ainda que cada país mantenha autonomia total sobre sua residência, a UEMS – Section of Surgery e o European Board of Surgery estabeleceram European Training Requirements que descrevem:
- competências mínimas em Cirurgia Geral (conhecimento, habilidades técnicas e atitudes);
- duração mínima recomendada de treinamento cirúrgico;
- importância de logbooks, avaliações estruturadas e supervisão direta;
- exames europeus opcionais (como o EBSQ General Surgery) que funcionam como selo de qualidade adicional.
Para quem pensa em mobilidade dentro da Europa no médio prazo, conhecer esses padrões ajuda a entender onde você está em relação ao “mínimo esperado” para um cirurgião geral europeu.
Passo a passo estratégico para médicos brasileiros
1. Definir objetivo: residência completa ou fellowships
Antes de escolher país, é importante decidir se o seu plano é:
- fazer toda a residência em Cirurgia Geral na Europa; ou
- concluir a residência no Brasil e depois buscar fellowships, estágios e pós-graduações cirúrgicas na Europa.
O esforço, o tempo e a rota migratória mudam muito conforme essa escolha inicial.
2. Mapear requisitos mínimos de cada país
Em praticamente todos os destinos, você vai encontrar alguma combinação de:
- reconhecimento de diploma (por universidade, ministério ou ordem médica);
- prova nacional ou concurso específico de acesso;.
- exigência de proficiência no idioma local (ou em inglês, no caso de alguns programas);
- documentação extensa (histórico detalhado, ementas, traduções juramentadas).
3. Planejar idioma como projeto paralelo
Cirurgia é comunicação em alta pressão: consentimento informado, discussão de riscos, briefing de sala, passagem de plantão. Por isso, não basta apenas “passar na prova de idioma”; você precisa alcançar fluência confortável no idioma em que vai operar.
4. Construir um currículo cirúrgico coerente
Mesmo em sistemas com prova objetiva, um currículo bem alinhado ajuda:
- estágios em Cirurgia Geral, trauma, pronto-socorro cirúrgico e UTI;
- participação em ligas, grupos de trauma, ATLS e outros cursos de emergência;
- início de envolvimento com pesquisa em cirurgia, quando possível;
- participação em congressos, cursos práticos e workshops de técnicas básicas e laparoscopia.
Erros comuns de quem mira Cirurgia Geral na Europa
- Planejar só a prova, não o projeto de vida – morar fora, aguentar plantões intensos e se adaptar a outra cultura pesa tanto quanto o estudo.
- Subestimar o tempo total – em muitos países, o caminho completo até a atuação independente pode ser mais longo do que no Brasil.
- Confundir residência com fellow – muitos hospitais europeus oferecem estágios avançados para cirurgiões já formados, que não equivalem à residência.
- Ignorar o fator financeiro – taxas, traduções, cursos, viagens e custo de vida podem somar valores significativos.
Checklist rápido – Cirurgia Geral na Europa
- Escolher 1–2 países alvo de forma realista (idioma, estilo de vida, prazo).
- Ler com calma as páginas oficiais de formação e especialização em cada país.
- Mapear o processo de reconhecimento de diploma e seus prazos.
- Definir meta de idioma (nível e prova) e prazo para atingi-la.
- Entender se você fará residência completa lá ou se usará a Europa para fellowships.
- Organizar finanças para 2–3 anos de preparo, exames e mudança.
- Montar um cronograma escrito com as grandes etapas ano a ano.
Vale a pena fazer Cirurgia Geral na Europa?
Para quem sonha com Cirurgia Geral em alto nível, a Europa oferece hospitais de grande volume, tecnologia avançada, cultura forte de trauma e oncologia, além de possibilidades reais de carreira acadêmica. Em contrapartida, o caminho é longo, competitivo e exige muita clareza de propósito.
Para alguns cirurgiões, o melhor cenário é consolidar a formação no Brasil e usar a Europa para estágios e subespecializações. Para outros, faz sentido investir em todo o percurso de residência, assumindo que boa parte da vida profissional será construída fora.
O mais importante é alinhar projeto de vida, tempo disponível, idioma, família e o tipo de cirurgia que você quer praticar no dia a dia.
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