Residência médica nos Estados Unidos: guia completo para médicos brasileiros
Residência médica nos Estados Unidos é um dos caminhos mais desejados por médicos brasileiros. O país reúne hospitais de referência mundial, sólida cultura de pesquisa e programas de residência altamente estruturados.
Este guia apresenta o caminho principal: certificação pela ECFMG, provas do USMLE, aplicação pelo ERAS/NRMP Match, duração das especialidades e pontos essenciais para quem se formou fora dos EUA.
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Como funciona a residência médica nos Estados Unidos
Nos EUA, a residência médica faz parte da Graduate Medical Education (GME) e é obrigatória para obter licença independente na maioria dos estados. Os programas são credenciados pela ACGME e organizados por hospitais universitários ou centros médicos de ensino.
De forma simplificada:
- você conclui a graduação em Medicina (nos EUA ou fora);
- obtém certificação da ECFMG (se for graduado internacional);
- realiza as provas USMLE exigidas;
- aplica aos programas via ERAS;
- participa do NRMP Match (The Match);
- conclui de 3 a 7 anos de residência, dependendo da especialidade;
- pode seguir para fellowship (subespecialidade), se desejar.
A maior parte dos candidatos entra em PGY-1 (primeiro ano de residência) por meio do ciclo anual do NRMP Main Residency Match.
O que é o NRMP Match
O National Resident Matching Program (NRMP) organiza o processo de seleção da maioria dos programas de residência. Em resumo:
- o candidato envia documentação e cartas via ERAS para os programas;
- os programas escolhem quem entrevistar;
- após as entrevistas, candidatos e programas enviam listas de preferência (rank order lists);
- um algoritmo realiza o match, ligando cada candidato a um programa.
Há ciclos específicos para specialties mais competitivas e também para fellowships, mas o caminho clássico do médico recém-formado é o Main Residency Match.
O que muda para médicos brasileiros (IMGs)
Médicos formados fora dos Estados Unidos entram na categoria International Medical Graduates (IMGs). Para eles, a porta de entrada obrigatória é a certificação pela ECFMG (Educational Commission for Foreign Medical Graduates).
- verificação da escola médica e do diploma;
- provas USMLE exigidas para certificação;
- cumprimento de eventuais pathways adicionais, dependendo do ciclo;
- aplicação a programas que aceitam IMGs (nem todos aceitam).
- Confirmar se a faculdade é elegível na base da ECFMG (World Directory of Medical Schools).
- Criar conta na ECFMG e iniciar o processo de certificação.
- Realizar as provas USMLE Step 1 e USMLE Step 2 CK (e eventuais requisitos adicionais definidos pela ECFMG).
- Garantir experiência clínica nos EUA (observerships, externships ou research, quando possível).
- Aplicar a programas via ERAS e participar do NRMP Match.
Passo a passo para médicos brasileiros
1. Verificar elegibilidade na ECFMG
O primeiro passo é verificar se a sua faculdade aparece de forma adequada no World Directory of Medical Schools com anotação de elegibilidade para ECFMG. Sem isso, não é possível seguir.
Em seguida, você cria uma conta na ECFMG e envia documentos (diploma, histórico, formulários que a própria faculdade precisa validar).
2. Provas USMLE (Step 1 e Step 2 CK)
Atualmente, a certificação ECFMG para a maioria dos candidatos envolve:
- USMLE Step 1 – prova teórica com foco em ciências básicas aplicadas à clínica (Biologia Molecular, Fisiologia, Farmacologia, Microbiologia, etc.), hoje com resultado pass/fail.
- USMLE Step 2 CK – prova clínica teórica, com foco em tomada de decisão, condutas e manejo em Clínica Médica, Cirurgia, Pediatria, Obstetrícia, Psiquiatria e Medicina de Família.
As notas (especialmente do Step 2 CK) têm peso importante na seleção para especialidades mais competitivas.
3. Experiência clínica e cartas de recomendação
Para IMGs, é muito valorizado ter algum tipo de US clinical experience, como:
- observerships em hospitais acadêmicos;
- externships ou estágios hands-on (quando disponíveis);
- pesquisa clínica ou básica em grupos dos EUA, com possível publicação.
Essa experiência ajuda a gerar cartas de recomendação (Letters of Recommendation – LoRs) de médicos americanos, que têm grande peso na análise de candidaturas.
4. Aplicação via ERAS
O ERAS (Electronic Residency Application Service) é a plataforma pela qual você envia sua candidatura aos programas. Nela você inclui:
- currículo completo (formação, experiências, pesquisa, publicações);
- personal statement (carta de motivação);
- cartas de recomendação;
- scores dos USMLE;
- documentação ECFMG.
Cada programa define seus critérios mínimos (cutoffs de Step scores, tempo desde a graduação, exigência ou não de US clinical experience, etc.).
5. Entrevistas e NRMP Match
Os programas analisam os candidatos e convidam para entrevistas, que podem ser presenciais ou online. Depois disso:
- os candidatos montam uma lista de programas em ordem de preferência;
- os programas montam uma lista de candidatos em ordem de preferência;
- o NRMP roda o algoritmo e gera o Match.
Quem não consegue vaga no primeiro momento pode participar do Supplemental Offer and Acceptance Program (SOAP), em que vagas remanescentes são redistribuídas.
Duração, rotina e especialidades
Duração da residência nos EUA
A duração varia conforme a área. Em linhas gerais:
- Internal Medicine – 3 anos (residência básica), com oportunidades de fellowships de 1–3 anos em Cardiologia, Gastroenterologia, Oncologia, Nefrologia, Pneumologia, etc.
- Family Medicine – 3 anos.
- Pediatrics – 3 anos, com subespecialidades (Neonatologia, PICU, Hemato-oncologia) de 1–3 anos adicionais.
- Psychiatry – 4 anos.
- Neurology – 4 anos.
- Emergency Medicine – 3 ou 4 anos, dependendo do programa.
- General Surgery – 5 anos, com possibilidade de fellowships (Cirurgia Vascular, Cirurgia Colorretal, Cirurgia de Transplantes, Cirurgia Oncológica, etc.).
- Orthopedic Surgery – 5 anos.
- Neurosurgery – 7 anos (ou mais, dependendo da estrutura do programa).
- Obstetrics and Gynecology (OB/Gyn) – 4 anos.
- Anesthesiology – geralmente 4 anos (1 ano preliminar/transition + 3 anos de programa categórico).
- Diagnostic Radiology – 4 anos, geralmente precedidos de 1 ano preliminar em clínica/cirurgia.
- Pathology – em torno de 4 anos.
Somando residência e eventual fellowship, o caminho total de formação pode chegar facilmente a 7–10 anos após a graduação, dependendo da especialidade e da subespecialização escolhida.
Rotina do residente
- trabalho em hospitais de ensino, clínicas e serviços afiliados;
- plantões em emergência, enfermaria, UTI, centro cirúrgico, conforme a especialidade;
- modelo de formação baseado em competências (milestones), com avaliações constantes;
- forte participação em rounds, conferências, journal clubs e discussões de caso;
- incentivo a pesquisa e apresentação em congressos, especialmente em programas acadêmicos.
Principais grupos de especialidades
Os programas de residência nos EUA são geralmente divididos em:
- Primary Care: Internal Medicine, Family Medicine, Pediatrics, Medicine-Pediatrics.
- Especialidades médicas: Neurology, Psychiatry, Physical Medicine & Rehabilitation, Dermatology (com caminhos específicos), entre outras.
- Especialidades cirúrgicas: General Surgery, Orthopedic Surgery, Neurosurgery, Otolaryngology, Plastic Surgery, Urology.
- Diagnóstico e suporte: Anesthesiology, Diagnostic Radiology, Pathology, Nuclear Medicine, Radiation Oncology.
Ferramentas como o AMA FREIDA ajudam a pesquisar programas, duração, número de vagas e perfil de cada serviço.
Visto, imigração e situação legal
Além da parte acadêmica, é fundamental pensar na situação migratória. IMGs geralmente entram em programas de residência com um dos seguintes status:
- J-1 Visa – visto de intercâmbio patrocinado pela ECFMG, muito comum para residência e fellowship.
- H-1B Visa – visto de trabalho especializado, aceito por alguns programas (normalmente exige aprovação prévia em Step 3).
- Residentes já com Green Card ou cidadania americana – não precisam de vistos específicos para a formação.
Cada programa define quais tipos de visto aceita, e esse ponto costuma ser um filtro importante para IMGs.
Checklist rápido
- Confirmar a elegibilidade da sua faculdade junto à ECFMG.
- Criar conta na ECFMG e se organizar para USMLE Step 1 e Step 2 CK.
- Planejar provas e estudo com antecedência (1 a 2 anos, em muitos casos).
- Buscar oportunidades de US clinical experience e cartas de recomendação fortes.
- Entender os critérios das especialidades e programas onde você quer aplicar.
- Montar uma estratégia de aplicação via ERAS (número de programas, perfil, regiões).
- Organizar finanças: provas, taxas, viagens, estágios e custo de vida nos EUA.
- Verificar com antecedência as possibilidades de visto (J-1, H-1B) e as políticas de cada programa.
Vale a pena fazer residência médica nos Estados Unidos?
Para muitos médicos brasileiros, a residência nos EUA oferece:
- acesso a hospitais de ponta, tecnologia e pesquisa de alto impacto;
- forte cultura de educação médica, com feedback estruturado e trilha clara de carreira acadêmica;
- remuneração competitiva durante a residência e, depois, como attending physician.
Por outro lado, o caminho exige:
- preparo intenso para USMLE e processos seletivos muito competitivos;
- investimento financeiro significativo em provas, viagens e estágios;
- adaptação à cultura médica americana, idioma e sistema de saúde diferente do brasileiro.
Se você se imagina atuando em hospitais americanos, participando de pesquisa de ponta e construindo carreira de longo prazo nos EUA, a residência médica no país pode ser um passo transformador na sua jornada.
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