Residência médica no Canadá: guia completo para médicos brasileiros
Residência médica no Canadá atrai cada vez mais médicos brasileiros. O país oferece programas de formação estruturados, hospitais de alta complexidade e um sistema de saúde que busca profissionais para diversas regiões, principalmente em Medicina de Família.
Este guia explica o caminho principal para residência: verificação e reconhecimento de documentos, exames do Medical Council of Canada (MCC), aplicação pelo CaRMS, rotas alternativas como Practice Ready Assessment (PRA) e detalhes da duração das especialidades.
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Como funciona a residência médica no Canadá
No Canadá, a residência é chamada de Postgraduate Medical Education (PGME). Ela é obrigatória para obter licença plena de atuação e é oferecida por universidades credenciadas em parceria com hospitais de ensino.
De forma geral:
- você conclui a graduação em Medicina (no Canadá ou fora);
- faz os exames exigidos pelo MCC para elegibilidade;
- se candidata a programas de residência via CaRMS R-1 Match (entrada em PGY-1);
- conclui de 2 a 7 anos de residência, dependendo da especialidade;
- presta as provas finais de certificação (CFPC ou Royal College).
O ingresso ocorre majoritariamente pelo processo CaRMS R-1 Match, um sistema nacional de seleção semelhante ao match americano.
O que é o CaRMS
O Canadian Resident Matching Service (CaRMS) organiza o processo de seleção da residência. Nele:
- o candidato cria um perfil, envia currículo, cartas de recomendação e carta de intenção;
- os programas de residência analisam os dossiês e convidam para entrevistas;
- programas e candidatos enviam listas de preferência;
- um algoritmo realiza o match entre as duas listas.
O CaRMS tem fluxos separados para graduados de escolas canadenses e para International Medical Graduates (IMGs), com prazos e critérios específicos.
O que muda para médicos brasileiros (IMGs)
Médicos formados fora do Canadá entram na categoria IMG – International Medical Graduate. Essa rota é mais competitiva e envolve etapas adicionais de verificação e provas.
- verificação de diploma e histórico pela plataforma physiciansapply.ca (MCC);
- exames do Medical Council of Canada (MCCQE Part I e NAC Examination);
- critérios específicos por província (algumas exigem avaliação clínica local antes do CaRMS);
- candidatura via CaRMS ou, em casos específicos, rotas alternativas como Practice Ready Assessment (PRA).
- Criar conta e enviar documentos em physiciansapply.ca.
- Ter o diploma e histórico verificados pelo MCC.
- Realizar e ser aprovado no MCCQE Part I e no NAC Examination.
- Atender aos critérios da província (colégio médico local, exigências extras para IMGs).
- Participar do CaRMS R-1 Match ou de programas de PRA, conforme seu perfil.
Passo a passo para médicos brasileiros
1. Registro e verificação de documentos
O primeiro passo costuma ser criar uma conta no physiciansapply.ca, plataforma oficial do MCC. Nela você:
- envia diploma de Medicina, histórico escolar e, em alguns casos, ementas de disciplinas;
- solicita que a universidade no Brasil envie documentação diretamente ao MCC para verificação;
- acompanha o status de validação, necessário para elegibilidade aos exames.
2. Exames exigidos (MCCQE Part I e NAC)
- MCCQE Part I – prova teórica computadorizada com questões de múltipla escolha e clinical decision-making, cobrindo Clínica Médica, Cirurgia, Pediatria, Psiquiatria, Obstetrícia & Ginecologia, Medicina de Família e Saúde Pública.
- NAC Examination (NAC OSCE) – exame clínico estruturado com estações de simulação (padronizados) que avaliam anamnese, exame físico, comunicação e raciocínio clínico.
As notas desses exames são usadas tanto para comprovar competência mínima quanto para diferenciar candidatos no processo de seleção dos programas.
3. Critérios das províncias
Cada província e território tem seu Medical Regulatory Authority (MRA) e pode adicionar exigências específicas para IMGs, como:
- experiência clínica recente (últimos 2–5 anos);
- participação em programas de clinical assessment locais para IMGs;
- exames adicionais de idioma (IELTS, CELPIP, TEF, etc.);
- restrições para quem já fez residência em outro país.
A lista de MRAs por província está disponível no site do MCC, na seção de Pathways for IMGs.
4. Elegibilidade para o CaRMS
Para IMGs, a elegibilidade ao CaRMS normalmente exige:
- diploma verificado pelo MCC;
- aprovação em MCCQE Part I e NAC (ou exames equivalentes, conforme o edital daquele ano);
- atender aos critérios da província na qual você quer aplicar;
- status migratório compatível com o início da residência (visto de estudo, trabalho ou residência permanente).
Algumas províncias reservam um número específico de vagas para IMGs em determinadas especialidades, principalmente Medicina de Família.
5. Rotas alternativas: Practice Ready Assessment (PRA)
Além do caminho clássico via CaRMS, alguns médicos com residência já concluída em outro país podem se enquadrar em programas de Practice Ready Assessment, voltados principalmente a Medicina de Família.
Exemplos:
Nesses programas, o médico passa por algumas semanas de avaliação intensiva em serviços de saúde; se for aprovado, assume um posto em área de necessidade com compromisso de retorno de serviço (por exemplo, 3 anos em região carente).
Duração, rotina e especialidades
Duração da residência no Canadá
A duração da residência varia conforme a área. Em linhas gerais:
- Medicina de Família – 2 anos de residência (R1–R2), com possibilidade de +1 ano de área de atuação (Emergency Medicine, Palliative Care, Sports Medicine, etc.).
- Clínica Médica (Internal Medicine) – em torno de 4 anos de treinamento para a especialidade básica, com possibilidade de +2 a 3 anos para subespecialidades (Cardiologia, Gastro, Oncologia, etc.).
- Pediatria – 4 anos de residência em Pediatria Geral, com subespecializações adicionais de 2 a 3 anos (como Neonatologia, UTI Pediátrica, Oncologia Pediátrica).
- Psiquiatria – 5 anos de residência básica; existem ainda anos adicionais para áreas como Psiquiatria da Infância e Adolescência ou Psiquiatria Geriátrica.
- Cirurgia Geral – 5 anos de residência, seguidos, se desejado, de fellowships/subespecializações.
- Ortopedia – 5 anos.
- Ginecologia e Obstetrícia – 5 anos.
- Radiologia (Diagnostic Radiology) – 5 anos.
-
Medicina de Emergência
- via Royal College – 5 anos de residência em Emergency Medicine;
- via CFPC – 2 anos de Medicina de Família + 1 ano de área de atuação em Medicina de Emergência.
Na prática, o caminho total (faculdade + residência + subespecialidade) pode chegar a 10–15 anos de formação, dependendo da área escolhida.
Rotina de trabalho do residente
- atendimento em hospitais universitários e serviços afiliados (UTI, enfermarias, pronto-socorro, ambulatórios);
- plantões noturnos e de fim de semana, com carga horária regulamentada pelas províncias;
- supervisão direta no início da formação e aumento progressivo de autonomia ao longo dos anos;
- participação em seminários, clubes de revista, atividades acadêmicas e pesquisa;
- avaliações frequentes de desempenho, dentro de um modelo de competency-based medical education.
Principais grupos de especialidades
As residências no Canadá se organizam em grandes blocos:
- CFPC – Family Medicine: Medicina de Família (2 anos) + áreas de atuação (1 ano adicional);
- Royal College – Especialidades Clínicas: Clínica Médica, Pediatria, Neurologia, Psiquiatria, etc.;
- Royal College – Especialidades Cirúrgicas: Cirurgia Geral, Ortopedia, Neurocirurgia, Cirurgia Vascular, entre outras;
- Diagnóstico e serviços: Radiologia, Anestesiologia, Patologia, Medicina de Emergência, Medicina Física e Reabilitação, Saúde Pública e Medicina Preventiva.
Cada universidade disponibiliza em seu site a lista de programas, número de vagas e duração de cada especialidade.
Imigração, vistos e residência permanente
Além da parte acadêmica, médicos brasileiros que pretendem fazer residência no Canadá precisam cuidar da parte migratória. Em muitos casos, ter residência permanente aumenta as chances e facilita o processo de seleção.
Algumas rotas comuns:
- Study permit – vinculado à universidade, quando o status é considerado estudo.
- Work permit – em alguns programas de PRA ou postos em áreas de necessidade.
- Express Entry e programas provinciais – caminhos de imigração econômica que podem conceder residência permanente antes ou durante o processo.
As regras mudam com frequência, então é importante acompanhar o site oficial de imigração do Canadá e, se necessário, buscar orientação de consultores credenciados.
Checklist rápido
- Definir especialidade e província alvo (ex.: Medicina de Família em British Columbia ou Clínica Médica em Ontário).
- Estudar a fundo os sites do MCC, do CaRMS e das universidades/províncias desejadas.
- Registrar-se no physiciansapply.ca e iniciar a verificação de documentos.
- Planejar calendário para realizar MCCQE Part I e NAC com antecedência em relação ao ciclo do CaRMS.
- Checar se existe rota de PRA compatível com seu perfil (para quem já tem residência concluída fora do Canadá).
- Organizar finanças para exames, traduções, taxas de candidatura e eventual mudança de país.
- Cuidar do inglês (e, se for o caso, do francês) até um nível confortável para prova, entrevista e rotina clínica.
Vale a pena fazer residência médica no Canadá?
Residência no Canadá oferece formação robusta, estrutura hospitalar de altíssimo nível e forte demanda por médicos — especialmente em Medicina de Família e em regiões menos centrais.
Por outro lado, o caminho exige:
- investimento financeiro em exames, traduções e processos de imigração;
- competição alta por poucas vagas destinadas a IMGs;
- adaptação a um sistema de saúde, cultura e clima muito diferentes do Brasil.
Se você se imagina atendendo pacientes em outro idioma, construindo carreira em hospitais canadenses e, possivelmente, seguindo para residência permanente, a residência no Canadá pode ser um passo decisivo na sua trajetória.
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