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Guia de carreira médica

Residência médica em Portugal: guia completo para médicos brasileiros

Residência médica em Portugal se tornou um dos caminhos mais buscados por médicos brasileiros que desejam formação em um país europeu de língua portuguesa, com sistema público universal (SNS), forte rede hospitalar e ligação histórica com o Brasil.

Este guia explica como funciona o internato médico português, o papel da Prova Nacional de Acesso (PNA), a validação do diploma de Medicina, a inscrição na Ordem dos Médicos e os principais pontos para organizar um plano realista de médio e longo prazo.

Profissionais bip em ambiente de hospital
Atenção: regras de internato, PNA, vagas e reconhecimento de diploma mudam com frequência. Antes de decidir qualquer passo, consulte sempre fontes oficiais como a página do Internato Médico na ACSS, a área de internato e especialidades da Ordem dos Médicos, o portal de reconhecimento de graus da DGES e o regulamento atualizado da Prova Nacional de Acesso.

Como funciona a residência médica em Portugal

Em Portugal, a residência médica corresponde ao internato médico, formação pós-graduada que habilita ao exercício autónomo da medicina ou a uma área de especialização dentro do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

O internato segue regras definidas em legislação própria e é coordenado pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), em articulação com a Ordem dos Médicos e as unidades de saúde do SNS.

Estrutura geral do internato médico

De forma resumida, a trajetória padrão em Portugal inclui:

  • curso de Mestrado Integrado em Medicina, com duração típica de 6 anos;
  • internato de formação geral (o antigo “ano comum”), que consolida competências básicas em várias áreas;
  • Prova Nacional de Acesso (PNA), exame nacional que ordena os candidatos para escolha das vagas de especialidade;
  • internato de formação específica, equivalente à residência médica em determinada especialidade;
  • avaliação final e atribuição do título de especialista pela Ordem dos Médicos.

Ao longo do internato, o médico interno trabalha em hospitais, centros de saúde e outras unidades do SNS, sempre com supervisão e plano de formação aprovado.

Papel da Prova Nacional de Acesso (PNA)

A PNA é um exame anual que classifica os candidatos que vão ingressar no internato de formação específica. A nota define a ordem de escolha da especialidade e da instituição, de forma semelhante ao “match” de residência no Brasil, porém com um único exame nacional e um concurso centralizado.

O regulamento da PNA, a distribuição de vagas e os avisos de abertura de concurso são publicados pela ACSS e no Diário da República. Sempre vale consultar a área oficial da PNA antes de qualquer planejamento.

Residência em Portugal x residência no Brasil

Algumas diferenças importantes entre o modelo português e o modelo brasileiro:

  • em Portugal, a PNA é uma prova única, organizada a nível nacional, seguida de um processo de escolha de vagas centralizado;
  • o internato é parte estruturante da carreira médica no SNS, com enquadramento legal próprio;
  • a duração total da formação especializada costuma variar de 4 a 6 ou 7 anos, dependendo da área;
  • o médico interno recebe remuneração como trabalhador do SNS, com direitos laborais, férias e contribuições sociais.

Para o médico brasileiro, a principal diferença está na necessidade de validar o diploma, inscrever-se na Ordem dos Médicos e competir em igualdade com os colegas portugueses na PNA.

O que muda para médicos brasileiros

Quem concluiu Medicina fora de Portugal, como no Brasil, precisa passar por três blocos principais antes de disputar uma vaga de internato de especialidade:

  • reconhecimento académico do diploma por uma universidade pública portuguesa;
  • inscrição na Ordem dos Médicos como médico;
  • participação no procedimento concursal de ingresso no internato, que inclui a PNA e a escolha de vagas.

Além disso, é necessário possuir autorização de residência que permita o exercício profissional em Portugal e cumprir exigências migratórias em vigor.

Visão geral para brasileiros:
  1. Concluir Medicina no Brasil e reunir toda a documentação académica.
  2. Solicitar o reconhecimento específico do diploma a uma universidade pública portuguesa com curso de Medicina.
  3. Com a equivalência emitida, pedir inscrição na Ordem dos Médicos.
  4. Acompanhar os avisos da ACSS sobre a Prova Nacional de Acesso e o concurso de ingresso no internato.
  5. Realizar a PNA, obter uma classificação competitiva e escolher vaga de especialidade.

Passo a passo para médicos brasileiros

1. Reconhecimento académico do diploma de Medicina

O reconhecimento do diploma de Medicina é realizado pelas universidades públicas portuguesas que oferecem o curso. O processo segue regras gerais de reconhecimento de graus estrangeiros, com análise de nível, duração e conteúdo programático da formação.

Em linhas gerais, o processo envolve:

  • escolher uma universidade habilitada e submeter o pedido de reconhecimento;
  • apresentar diploma, histórico, ementas e demais documentos exigidos, geralmente com tradução e apostila;
  • passar por etapas que podem incluir avaliação documental, prova teórica, prova prática e, em alguns casos, trabalho escrito ou defesa;
  • receber uma certidão de equivalência que reconhece o grau de Medicina em Portugal.

As regras detalhadas constam nas páginas das universidades e no portal de reconhecimento de graus da Direção-Geral do Ensino Superior (DGES). O ideal é verificar prazos, taxas e formato de cada instituição antes de escolher onde iniciar o processo.

2. Inscrição na Ordem dos Médicos

Com o diploma reconhecido, o médico deve solicitar a inscrição na Ordem dos Médicos para poder exercer a profissão em Portugal. A inscrição exige documentação como:

  • diploma e certidão de equivalência emitida pela universidade portuguesa;
  • documento de identificação e número fiscal (NIF);
  • certidões de registo criminal e de idoneidade profissional;
  • formulários próprios da Ordem dos Médicos e pagamento de taxas.

Após análise e aprovação, o médico passa a integrar a Ordem dos Médicos e recebe número de inscrição. Só então pode atuar como médico e aceder às fases seguintes do internato.

3. Prova Nacional de Acesso (PNA)

A PNA é o exame que ordena os candidatos para ingresso no internato de formação específica. Todos os médicos que pretendem iniciar a especialidade pelo SNS precisam realizar a prova naquele ano de concurso, inclusive quem concluiu a formação fora de Portugal e já se inscreveu na Ordem.

Sobre a PNA, é importante acompanhar:

  • o regulamento em vigor (conteúdo programático, critérios de classificação, número de perguntas);
  • o calendário oficial: data da prova, período de candidaturas online e prazos para envio de documentos;
  • os mapas de vagas por especialidade e região.

O desempenho na PNA determina a posição na lista nacional de candidatos e, portanto, influencia diretamente as opções de especialidade e local de formação que estarão disponíveis no momento da escolha de vagas.

4. Concurso de ingresso no internato médico

Depois da prova, a ACSS publica a lista de ordenação e abre o período de escolha de vagas. O processo é eletrónico e ocorre através da página oficial do Internato Médico e dos avisos no Diário da República.

Nessa fase o candidato:

  • confere sua classificação;
  • analisa o mapa de vagas de especialidade e de instituições (hospitais e agrupamentos de centros de saúde);
  • regista a escolha de especialidade e local, respeitando a ordem de classificação;
  • aguarda a homologação e afetação a uma vaga concreta.

Após a colocação, inicia-se o internato de formação específica na instituição escolhida.

5. Internato de formação específica e avaliação final

O internato de formação específica corresponde à residência médica na especialidade. A duração varia conforme a área, mas costuma ficar entre 4 e 6 anos, podendo chegar a 7 anos em algumas formações.

Ao longo desse período, o médico interno deve:

  • cumprir estágios obrigatórios e opcionais previstos no programa oficial da especialidade;
  • participar em urgências, consultas, enfermarias e blocos operatórios, conforme a área;
  • frequentar ações de formação, reuniões científicas e atividade académica;
  • registar a atividade em cadernos de estágio e avaliações periódicas.

No final do internato, o médico é submetido a avaliação final que pode incluir prova teórica, prática e discussão curricular, culminando na atribuição do título de assistente especialista pela Ordem dos Médicos.

Duração, rotina e especialidades em Portugal

Duração do internato de formação específica

A duração do internato de especialidade varia conforme o programa aprovado para cada área. De modo geral:

  • muitas especialidades clínicas e cirúrgicas têm duração de 5 anos;
  • algumas áreas exigem 6 ou 7 anos, típicos de formações com estágios obrigatórios em diferentes contextos;
  • há programas com tronco comum inicial, seguido de diferenciação específica.

Os programas detalhados de cada especialidade ficam disponíveis na Ordem dos Médicos e nos documentos da ACSS que regulam o internato.

Rotina do médico interno

A rotina do médico interno em Portugal depende da especialidade e da instituição, mas geralmente inclui:

  • atendimento em enfermarias, consultas externas e serviços de urgência;
  • participação em escalas de plantão noturno e fins de semana;
  • reuniões clínicas, discussão de casos, sessões de formação interna e clubes de revista;
  • atividade em bloco operatório nas áreas cirúrgicas e em unidades críticas sempre que previsto no programa;
  • registo sistemático de atos médicos e competências para efeitos de avaliação.

O interno integra equipas do SNS e recebe salário de acordo com a carreira médica em vigor, com progressão ao longo dos anos de formação.

Principais grupos de especialidades

As especialidades reconhecidas em Portugal podem ser agrupadas em grandes blocos, como:

  • Clínicas: Medicina Interna, Medicina Geral e Familiar, Pediatria, Neurologia, Psiquiatria, Dermatologia, Reumatologia, Endocrinologia, entre outras.
  • Cirúrgicas: Cirurgia Geral, Ortopedia, Neurocirurgia, Cirurgia Vascular, Urologia, Otorrinolaringologia, Oftalmologia e áreas afins.
  • Diagnósticas e de suporte: Anestesiologia, Radiologia, Medicina Nuclear, Anatomia Patológica, Medicina Intensiva (como área de competência), entre outras.
  • Saúde pública e comunitária: Saúde Pública, Medicina do Trabalho, Medicina Legal, entre outras carreiras específicas.

A lista de especialidades atualizadas e os respetivos programas formativos constam nas páginas oficiais da Ordem dos Médicos e da ACSS.

Visto, imigração e situação legal

Além da parte académica, o médico brasileiro precisa de enquadramento migratório adequado para residir e trabalhar em Portugal. Entre as possibilidades mais discutidas estão:

  • vistos para exercício de atividade altamente qualificada, associados a contrato de trabalho;
  • vistos de residência para exercício profissional ou para reconhecimento de qualificações, de acordo com a legislação em vigor;
  • autorizações de residência decorrentes de vínculo familiar com cidadão europeu.

Como a legislação migratória muda com frequência, é essencial acompanhar as atualizações nos sites oficiais do governo português, consulados e na nova autoridade de migração responsável pela análise de pedidos.

Salário, custo de vida e planeamento financeiro

O médico interno é remunerado pelo SNS. Os valores exatos dependem de acordos da carreira médica, tempo de serviço e eventuais suplementos por trabalho em urgência ou horário noturno.

Antes de migrar, vale montar um plano financeiro que considere:

  • custo de moradia em cidades como Lisboa, Porto e Coimbra, que costumam ter aluguel elevado;
  • impostos sobre o rendimento e contribuições obrigatórias (segurança social, ordem profissional);
  • custos de validação do diploma, provas, traduções e taxas administrativas;
  • despesas de instalação inicial, como mobiliário, transporte e cauções de arrendamento.

Embora o salário inicial de interno não seja igual ao de um especialista, muitos médicos consideram que a remuneração, combinada com a experiência numa formação estruturada, pode compor um projeto de médio prazo viável.

Checklist rápido

  • Confirmar se o projeto de vida e carreira combina com o sistema de saúde português e com a realidade do SNS.
  • Estudar o processo de reconhecimento do diploma e escolher a universidade onde pretende pedir equivalência.
  • Reunir documentos académicos e pessoais, providenciar traduções e apostilas quando necessário.
  • Submeter o pedido de reconhecimento e acompanhar cada etapa até emitir a certidão de equivalência.
  • Pedir inscrição na Ordem dos Médicos e tratar dos documentos exigidos.
  • Acompanhar o calendário da Prova Nacional de Acesso e do concurso de ingresso no internato.
  • Preparar-se para a PNA com antecedência, revisando conteúdos e provas anteriores.
  • Analisar mapas de vagas e cenários de especialidade para definir estratégias de escolha.
  • Planejar a parte migratória e o orçamento para os primeiros meses em Portugal.

Vale a pena fazer residência médica em Portugal?

Para muitos médicos brasileiros, a residência em Portugal oferece vantagens como:

  • linguagem próxima, com necessidade menor de adaptação linguística em comparação com outros países europeus;
  • formação alinhada a padrões europeus, com programas de especialidade estruturados e enquadrados em legislação nacional;
  • possibilidade de construir carreira dentro do SNS ou em instituições privadas após o internato;
  • qualidade de vida em cidades com boa infraestrutura, segurança relativa e acesso facilitado a outros países europeus.

Por outro lado, o caminho exige:

  • paciência com o processo de reconhecimento do diploma e com a burocracia universitária;
  • esforço financeiro inicial para custear provas, deslocamentos e instalação no país;
  • disposição para concorrer em igualdade com candidatos portugueses na PNA, o que torna a preparação para a prova essencial;
  • adaptação ao ritmo do SNS, que enfrenta desafios de sobrecarga de serviços e distribuição de médicos pelo território.

Se o seu objetivo é construir carreira a longo prazo em Portugal ou ganhar experiência no contexto europeu de saúde, a residência médica no país pode ser um passo estratégico na sua trajetória.

Resumo final: é possível fazer residência médica em Portugal como médico brasileiro. O caminho passa pelo reconhecimento académico do diploma em universidade pública portuguesa, inscrição na Ordem dos Médicos, enquadramento migratório adequado, realização da Prova Nacional de Acesso e participação no concurso de ingresso no internato. Com planeamento, consistência e informação atualizada em fontes oficiais, médicos formados no Brasil conseguem conquistar vaga de especialidade e construir carreira sólida em Portugal.
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